18 de fevereiro de 2010

Grã-Bretanha questiona Israel sobre assassinato em Dubai

O governo britânico convidou o embaixador de Israel em Londres para discutir nesta quinta-feira o uso de passaportes britânicos supostamente falsos ou fraudulentos pelos acusados de assassinar um comandante do grupo palestino Hamas durante uma visita a um hotel em Dubai, no mês passado.

O primeiro-ministro britânico, Gordon Brwon, ordenou a abertura de um inquérito sobre os passaportes usados por seis dos supostos assassinos identificados pela polícia de Dubai, que traziam os nomes de cidadãos israelenses de origem britânica, mas cujas fotos não eram deles.

A polícia de Dubai afirmou que 11 agentes com passaportes europeus teriam participado do assassinato do líder palestino Mahmoud al-Mabhouh no dia 20 de janeiro.

Além dos seis passaportes britânicos, foram usados também um passaporte alemão, um francês e três irlandeses. O nome no passaporte alemão também foi identificado como o de uma pessoa real que vive em Israel.

O governo de Israel, porém, negou que houvesse evidências da participação de seu serviço secreto no assassinato do comandante do Hamas.

Entretanto, o ministro das Relações Exteriores de Israel, Avigdor Lieberman, não chegou a negar formalmente que Israel tivesse participação no crime, seguindo a política de ambiguidade do governo israelense em relação a questões de segurança.

"Não há razão para pensar que foi o Mossad (serviço secreto israelense), e não algum outro serviço de inteligência ou algum outro país que esteja por trás do episódio", afirmou Lieberman.

Investigação preliminar

Uma investigação preliminar feita pela agência da Grã-Bretanha para o combate ao crime organizado confirmou que as fotografias e as assinaturas dos passaportes britânicos usados pelos supostos assassinos não correspondiam às dos passaportes originais nos nomes utilizados.

Os seis britânicos-israelenses cujos nomes constavam dos passaportes apontados pela polícia de Dubai como sendo os dos assassinos de Al-Mabhouh negam qualquer envolvimento no crime.

Um deles, Stephen Daniel Hodes, de 37 anos, afirmou não ter saído de Israel nos últimos dois anos e se disse “chocado” com o caso.

“Não sei quem está por trás disso. Estou com medo, essas são forças poderosas”, disse ele a uma TV israelense.

Outro envolvido, o consultor de informática Melvyn Mildiner, de 31 anos, disse ao diário The Jerusalem Post: “Fui dormir com pneumonia e acordei assassino”.

Paul John Keeley, cidadão britânico que se mudou para Israel há 15 anos e mora no kibutz (comunidade agrícola) Nahsholim, afirmou que vem se sentindo "como um zumbi" desde que descobriu seu nome na lista de suspeitos.

“Como uma coisa dessas pode acontecer? Sou um simples mecânico, o que querem de mim? As pessoas riem, mas eu não estou achando essa história engraçada”, disse à imprensa local.

As autoridades da República da Irlanda confirmaram que os números dos passaportes do país utilizados eram legítimos, mas afirmaram que eles não correspondiam aos nomes nos passaportes apresentados pela polícia de Dubai.

As autoridades francesas e alemãs também levantaram suspeitas sobre as identidades dos suspeitos com passaportes de seus países.

Circuito interno

O líder do Hamas foi morto em um quarto de hotel em Dubai.

A polícia de Dubai divulgou imagens do circuito interno de TV do hotel que mostram os suspeitos disfarçados de turistas, usando perucas e barbas falsas.

Segundo as autoridades locais, o trabalho "foi executado por um time profissional, altamente habilitado para esse tipo de operação".

De acordo com alguns relatos, Al-Mabhouh estaria em Dubai para comprar armamentos para o Hamas.

Segundo a polícia, dois suspeitos palestinos que teriam fugido para a Jordânia também estariam sendo questionados sobre o assassinato.

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