9 de janeiro de 2009

Maysa Figueira Monjardim, mais conhecida como Maysa Matarazzo ou simplesmente Maysa (São Paulo, 6 de junho de 1936 — Niterói, 22 de janeiro de 1977), foi uma cantora, compositora e atriz brasileira.
Maysa nasceu em São Paulo, numa família tradicional do Espírito Santo que logo se mudou para o Rio de Janeiro. Em 1937, tranferiram-se para Bauru, no interior paulista. Maysa estudou nos tradicionais colégios paulistanos Assunção, Sacre Coeur de Marie e Ofélia Fonseca. As férias ela passava em Vitória, onde reencontrava os tios e os primos.Casou-se aos dezoito anos com o empresário André Matarazzo, 22 anos mais velho e membro da tradicional família Matarazzo; da união nasceu Jayme Monjardim, diretor de telenovelas e cinema, que foi criado pela avó e, posteriormente, num colégio interno na Espanha.Separada de Matarazzo (1959), que se opôs à carreira musical, teve relacionamentos com o compositor Ronaldo Bôscoli, o empresário Miguel Azanza, o ator Carlos Alberto e o maestro Julio Medaglia.Fez inúmeras temporadas de sucesso em diversas casas de São Paulo — como o João Sebastião Bar — e no Rio de Janeiro — como o Au Bon Gourmet e o Canecão, entre outros. Excursionou pela América Latina, passando diversas vezes por Buenos Aires, Montevidéu e Lima. Apresentou-se em Paris, Lisboa e Luanda.O uso de álcool e moderadores de apetite deixavam seu temperamento instável. Supõe-se que o efeito de anfetaminas teria provocado o acidente de carro que a matou.






Estilo


As composições e as canções foram escolhidas de maneira a formar um repertório sob medida para o seu timbre, que não era o de uma voz vulgar, com viés melancólico e triste, que se tornou emblemática do gênero fossa ou samba-canção. Ao lado de Maysa, destacam-se Nora Ney, Ângela Maria e Dolores Duran. O gênero, comparado ao bolero, pela exaltação do tema amor-romântico ou pelo sofrimento de um amor não realizado, foi chamado também de dor-de-cotovelo. O samba canção (surgido na década de 30) antecedeu o movimento da bossa nova (surgido ao final da década de 50, em 1957), com o qual Maysa se identificou. Mas este último representou um refinamento e uma maior leveza nas melodias e interpretações em detrimento do drama e das melodias ressentidas, da dor-de-cotovelo. O legado de Maysa, ainda que aponte para dívidas históricas com a bossa, é o de uma cantora de voz mais arrastada do que as intérpretes da bossa e por isso aproxima-se antes do bolero.Contemporânea da compositora e cantora Dolores Duran, Maysa compôs 26 canções, numa época em que havia poucas mulheres nessa atividade. Todas foram gravadas em Maysa por ela mesma, que alcançou grande sucesso. Maysa interpretava de maneira muito singular, personalista, com toda a voz, sentimento e expressão. Um canto gutural, ensejando momentos de solidão e de grande expressão afetiva. Um dos momentos antológicos desta caracterização dramática foi a apresentação, em 1974, de Chão de Estrelas (Silvio Caldas e Orestes Barbosa), e de Ne Me Quitte Pas (10 de junho de 1976), tendo sido apresentadas em duas edições do programa Fantástico da Rede Globo. Esse estilo Maysa exerceu influência nas gerações seguintes, com grande ascendência nas obras de Simone, Leila Pinheiro, Fafá de Belém, Ângela Rô Rô, entre outras.
Teatro, televisãoTrabalhou no teatro, televisão, com participações especiais nas novelas O Cafona, ao lado de Francisco Cuoco, Bravo!, com Carlos Alberto, na Rede Globo, e em Bel-Ami, na TV Tupi.Em 1977, um trágico acidente automobilístico na Ponte Rio-Niterói encerrava a carreira e o brilho da estrela, que foi um dos maiores mitos da música brasileira.


Sua carreira está sendo retratada pela Rede Globo na microssérie Maysa - Quando Fala o Coração. A série é de autoria de Manoel Carlos, protagonizada pela estreante atriz Larissa Maciel e dirigida por Jayme Monjardim, filho da cantora. A minissérie 'Quando fala o coração', sobre Maysa, promove a reconciliação entre o seu filho, o diretor Jayme Monjardim, e a recordação da cantora. O diretor tinha 8 anos de idade quando a mãe, cantora de temperamento forte, o mandou para um colégio interno na Espanha. Quando voltou para o Brasil, aos 17, mãe e filho tiveram “uma briga feia” e ficaram sem se falar por um tempo. Só fizeram as pazes dois anos antes da trágica morte dela, em janeiro de 1977. Foi preciso um longo período para que Monjardim se reconciliasse com a memória de Maysa Matarazzo e assumisse a direção de Maysa – Quando fala o coração, minissérie de nove capítulos sobre a trajetória da cantora que ficou conhecida como a Rainha da Fossa, que a Globo exibe.

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